Alessandra recebendo o carinho de seus pais
O Jornal Hoje conta agora uma história sobre a tolerância, sobre a capacidade de aceitar a diversidade, as diferenças. É a história de uma família que soube conviver com uma transformação radical.
Quem vê a filha com os pais não imagina como foi difícil chegar até aqui. Alessandra, a Leca, nasceu Alexandre. Quando tinha 18 anos, contou para os pais que era Gay.
Surpresa não foi. "Eu não queria acreditar, mas fingia que não via", conta a aposentada Wilma Azevedo.
"Quando eu contei pra minha mãe eu tava com 18 anos e já trabalhava, eu sempre pensava: se eles não me aceitarem eu vou morar fora de casa.Tudo deu certo, agi naturalmente", diz a cabeleireira Alessandra Azevedo.
Para muita gente é difícil aceitar quem é diferente. Quem tem orientação sexual diferente, quem torce para time diferente, quem gosta de coisas diferentes.
Aceitar as diferenças significa entender que o mundo não é formado pelo nosso reflexo. Aceitar é ser tolerante, é ter respeito pelo outro e essa atitude só faz bem tanto para o indivíduo quanto para a sociedade. Ser tolerante significa ter paciência, saber ouvir e pensar mais antes de agir.
"Tolerância é algo que permite que as pessoas sejam mais ouvidas ao longo do tempo e permite que pessoas errem menos. Capacidade de aceitar diferença, direitos do outro é primeiro importante para a vida pessoal, porque todos vão ter experiências diferentes, vão ter amigos, familiares com jeitos diferentes", explica Fernando Abrúcio, cientista político.
"É bom ser tolerante. A intolerância é a não-aceitação da pessoa do jeito que ela é, imaginando que o único modo de ser é como eu sou. Todo intolerante é tolo ao não ver a diversidade humana na sua exuberância", analisa o filósofo Mário Sérgio Cortella.
Mais do que tolice e fraqueza, a intolerância pode ser um crime. No ano que passou, há muitos comentários preconceituosos e homofóbicos feitos na internet foram parar na Justiça.
As denúncias aumentaram tanto que foi criado um grupo só pra investigar esses crimes de ódio. E cuidado. Na internet nada é passageiro.
"Tudo o que é publicado na internet permanece para sempre, se torna eterno. Dificilmente você vai conseguir remover 100% alguma postagem que foi feita na internet, porque ela se difunde muito rápido", afirma Gisele Arantes, advogada especialista em direito digital.
"Uma vez que você postou algum conteúdo ali, você perde o controle daquilo, porque as pessoas que tiveram acesso, elas podem ter copiado, podem ter repassado, podem ter gravado em alguma mídia. enfim, tudo permanece. Pode acontecer o crime de ódio, no caso se for um comentário que caracterize um preconceito, o crime de ódio ela responderia pela Lei 7.716, podendo pegar até cinco anos de prisão", completa Gisele Arantes.
A Leca hoje é uma vitoriosa. Para os pais, aceitar só fez bem. "É a vida, não adianta ficar contra ela. Ela optou e o amor é o mesmo", conta o pai Antônio Carlos Azevedo.
"Aceitei. Aceitei porque uma mãe que é mãe quer o bem dos filhos, aceitei porque eu amo", fala a aposentada Wilma Azevedo. "Vou ser sincera para você. Não é que eu quero puxar não... Mas essa aqui, não tem outra coisa melhor. Acho que ela é muito melhor sendo mulher do que quando era homem".
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