Vera Linhares e Denise Jorge
Vera Linhares, 60, e Denise Jorge, 47 anos, vivem juntas há 17 anos. Desde da tarde de 23/06, estão casadas oficialmente. A cerimônia civil, no Centro do Rio, foi possível porque Denise tem cidadania portuguesa e, desde 5 de junho, Portugal autoriza a união civil entre pessoas do mesmo sexo.
Mais que isso: os portugueses chamam este tipo de união de casamento, algo que nem todos os países que permitem a União Homossexual aceitaram convencionar.
A primeira celebração do gênero fora de Portugal reuniu 40 convidados das noivas, no Consulado de Portugal no Rio. "Claro, temos muito orgulho dessa vitória. Só espero que isso um dia seja possível para qualquer brasileiro", disse Vera, que é carioca.
Nascida no Rio, mas naturalizada, Denise, pelo que as leis do outro lado do Atlântico proporcionaram, manifestou seu orgulho: "Hoje, mais do que nunca, sinto-me feliz por ser portuguesa".
A chanceler Maria José da Piedade oficializou a união. Denise, que trabalha na administração do consulado, saiu do prédio com aliança na mão esquerda e falou sobre o significado do que considera uma conquista.
"Quisemos celebrar nosso amor. Agora, pelo menos em Portugal, temos direito a coisas práticas, como pensão. Não deveria haver diferença entre um casamento Homossexual ou heterossexual. O que existe de fato é a união de duas pessoas que têm de ter seus direitos assegurados pela lei", defendeu.
Por Vera e Denise, a cerimônia seria aberta à imprensa. Mas no consulado a ordem do cônsul-geral Antônio Almeida Lima era para que jornalistas ficassem do lado de fora.
O presidente Cavaco Silva, que promulgou a lei em 17 de maio, preferia que, entre pessoas do mesmo sexo, não fosse usado o termo casamento. Mas, para não arrastar a questão, dobrou-se ao que havia sido aprovado no Legislativo.
O Código Civil português passou, com a nova lei, a considerar casamento o "contrato celebrado entre duas pessoas que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida" - sem menção a gêneros.
O médico Conrado Mariano Tarcitano era uma das testemunhas da celebração. Apesar de feliz pelo casal, Tarcitano lamentou o fato de a legislação brasileira ainda não permitir uniões semelhantes.
Outra testemunha, a jornalista Léa Penteado, uma das organizadores do Rock in Rio Lisboa, tratava de, já durante a cerimônia, espalhar a notícia com fotos para amigos no Brasil e em Portugal, pelo celular. "Quero que sirva de exemplo no Brasil", disse.
Um outro casal de mulheres já está na fila do consulado para também oficializar o casamento.
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Outra testemunha, a jornalista Léa Penteado, uma das organizadores do Rock in Rio Lisboa, tratava de, já durante a cerimônia, espalhar a notícia com fotos para amigos no Brasil e em Portugal, pelo celular. "Quero que sirva de exemplo no Brasil", disse.
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